Ética e Serviço Público - Cultura e Cultura Organizacional

 A cultura é parte do que somos: nela está o que regula nossa convivência e nossa comunicação em sociedade.



Até mesmo a nossa forma de vestir está ligada à nossa cultura

Ao tratar do conceito de cultura, a Sociologia e a Antropologia, se ocupam de compreender os aspectos aprendidos que o ser humano, em contato social, adquire ao longo de sua convivência. Esses aspectos, compartilhados entre os indivíduos que fazem parte deste grupo de convívio específico, refletem especificamente a realidade social desses sujeitos. Características como a linguagem, modo de se vestir em ocasiões específicas são algumas características que podem ser determinadas por uma cultura que acaba por ter como função possibilitar a cooperação e a comunicação entre aqueles que dela fazem parte.

A cultura possui tanto aspectos tangíveis - objetos ou símbolos que fazem parte do seu contexto – quanto intangíveis - ideias, normas que regulam o comportamento, formas de religiosidade. Esses aspectos constroem a realidade social dividida por aqueles que a integram, dando forma a relações e estabelecendo valores e normas.

Esses valores são características que são consideradas desejáveis ou indesejáveis no comportamento dos indivíduos que fazem parte de uma cultura, como por exemplo o princípio da honestidade que é visto como característica extremamente desejável em nossa sociedade. As normas são um conjunto de regras formadas a partir dos valores de uma cultura, que servem para regular o comportamento daqueles que dela fazem parte. O valor do princípio da honestidade faz com que a desonestidade seja condenada dentro dos limites convencionados pelos integrantes dessa cultura, compelindo os demais integrantes a agir dentro do que é estipulado como “honesto”.

Cultura e diferença

As normas e os valores possuem grandes variações nas diferentes culturas que observamos. Em algumas culturas, como no Japão, o valor da educação é tão forte que falhar em exames escolares é visto como uma vergonha tremenda para a família do estudante. Existe, então, a norma de que estudar e ter bom desempenho acadêmico é uma das mais importantes tarefas de um jovem japonês e a pressão social que esse valor exerce sobre ele é tão forte que há um grande número de suicídios relacionados a falhas escolares. Para nós, no entanto, a ideia do suicídio motivado por uma falha escolar parece ser loucura.

Mesmo dentro de uma mesma sociedade podem existir divergências culturais. Alguns grupos, ou pessoas, podem ter fortes valores baseados em crenças religiosas, enquanto outras prefiram a lógica do progresso científico para compreender o mundo. A diversidade cultural é um fato em nossa realidade globalizada, onde o contato entre o que consideramos familiar e o que consideramos estranho é comum. Ideias diferentes, comportamento, contato com línguas estrangeiras ou com a culinária de outras culturas tornou-se tão corriqueiro em nosso dia a dia que mal paramos para pensar no impacto que sofremos diariamente, seja na adoção de expressões de línguas estrangeiras ou na incorporação de alimentos exóticos em nossa rotina alimentar.

Etnocentrismo

O etnocentrismo trata-se de uma avaliação pautada em juízos de valor daquilo que é considerado diferente. Por exemplo, enquanto alguns animais como escorpiões e cães não fazem parte da cultura alimentar do brasileiro, em alguns países asiáticos estes animais são preparados como alimentos, sendo vendidos na rua da mesma forma como estamos habituados aqui a comer um pastel ou pipocas.

Assim, o que aqui é exótico, lá não necessariamente o é. Outro exemplo, para além da comida, é a vestimenta, pois, tomando como base o costume do homem urbano de qualquer grande centro brasileiro, certamente a pouca vestimenta dos índios e as roupas típicas dos escoceses – o chamado kilt – são vistas com estranheza. Da mesma forma, um estrangeiro, ao chegar ao Brasil, vindo de um país qualquer com muita formalidade e impessoalidade no trato, pode, ao ser recepcionado, estranhar a cordialidade e a simpatia com que possivelmente será tratado, mesmo sem ser conhecido.

Estes são apenas alguns dentre tantos outros exemplos que ilustram as diferenças culturais nos mais diversos aspectos.

O ponto alto da questão não está apenas em se constatar as diferenças, mas sim em aprender a lidar com elas. Dessa forma, no momento de um choque cultural entre os indivíduos, pode-se dizer que cada um considera sua cultura como mais sofisticada do que as culturas dos demais. Aliás, esta foi a lógica que norteou as ações de estratégia geopolítica das nações dentre as quais nasceu o capitalismo como modo de produção. Esses países consideravam a ampliação da produção em escala e o desenvolvimento do comércio, da ciência e, dessa forma, a adoção do modo de vida do europeu como “homem civilizado”, fatores necessários e urgentes. Logo, caberia a este último a função de civilizar o mundo, argumento pelo qual se defendeu o neocolonialismo como forma de dominação de regiões como a África.

Tomar conhecimento do outro sem aceitar sua lógica de pensamento e de seus hábitos acaba por gerar uma visão etnocêntrica e preconceituosa, o que pode até mesmo se desdobrar em conflitos diretos. O etnocentrismo está, certamente, entre as principais causas da intolerância internacional e da xenofobia (preconceito contra estrangeiros ou pessoas oriundas de outras origens). Basta pensarmos nas relações entre norte-americanos e latinos (principalmente mexicanos) imigrantes, entre franceses e os povos vindos do norte do continente africano que buscam residência neste país, apenas como exemplos. A visão etnocêntrica caminha na contramão do processo de integração global decorrente da modernização dos meios de comunicação como a internet, pois é sinônimo de estranheza e de falta de tolerância.

Contudo, a inevitabilidade do choque cultural é um fato, pois as culturas naturalmente possuem bases e estruturas diferentes, dando significação à vida de formas distintas. Prova disso estaria no papel social assumido pelas mulheres, que certamente não possuem os mesmos direitos enquanto pessoa humana em sociedades ocidentais e orientais. Este fato, aliás, tem sido objeto de longas discussões internacionais acerca dos direitos humanos e das questões de gênero. A complexidade dessa questão é muito clara, pois se para nós do lado ocidental algumas práticas são contra o direito à vida e à emancipação; para outras culturas essas mesmas práticas devem ser aceitas com naturalidade, pois apenas reproduziriam uma tradição.

Cultura está em constante mudança

Uma cultura não é estática: ela está em constante mudança de acordo com os acontecimentos vividos por seus integrantes. Valores que possuíam força no passado se enfraquecem no novo contexto vivido pelas novas gerações, a depender das novas necessidades que surgem, já que o mundo social também não é estático. Movimentos contraculturais, como o punk ou o rock, são exemplos claros do processo de mudança de valores culturais que algumas sociedades viveram de forma generalizada.

O contato com culturas diferentes também modifica alguns aspectos de nossa cultura. O processo de aculturação, onde uma cultura absorve ou adota certos aspectos de outra a partir do seu convívio, é comum em nossa realidade globalizada, onde temos contato quase perpétuo com culturas de todas as formas e lugares possíveis.

Publicado por: Lucas de Oliveira Rodrigues em Sociologia
Disponível no site: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/sociologia/conceito-cultura.htm Acessado em 09/03/2016.

Vejamos então.

Por cultura, podemos entender um conjunto de valores, crenças, normas, saberes, fazeres, tradições, produção artística e práticas religiosas criadas pelo homem vivendo em sociedade, que serve para dar sentido a própria existência humana além de servir para identificar um grupo social de outro, uma sociedade de outra.

Seria a cultura um dos elementos diferenciadores dos seres humanos e não sua raça, como quiseram alguns no passado. Por isso mesmo que o termo raça somente é aplicado quando nos referimos a toda a humanidade. Quando no referimos a um grupo com características específicas usamos o termo Etnia.

Então, toda cultura é sempre social e é o resultado das relações travadas por seres humanos com outros seres humanos, de seres humanos com a natureza e de seres humanos com o sobrenatural.

Assim, se temos seres humanos interagindo com outros dentro de um certo espaço por um certo período de tempo teremos a produção de valores, crenças, costumes, ou seja, de cultura. Por isso podemos falar de cultura italiana, brasileira, francesa, negra, indígena, quando nos referimos aos grupos étnicos. Também posso falar de cultura escolar e de cultura organizacional para me referir àqueles valores, crenças, costumes criados dentro de certos espaços, dentro das organizações sociais.

Cultura organizacional

O conceito de cultura organizacional diferente do próprio termo "cultura" em si, possui um sentido mais antropológico, explorando o lado humano de uma organização, a qual possui práticas, símbolos, valores, comportamentos, hábitos, políticas, crenças e princípios interagindo como um todo. A cultura organizacional tem como principal finalidade orientar os membros de uma organização, como se fosse um tipo especial de diretriz ou preceito que irá direcionar o comportamento das pessoas e suas atividades.

O conceito de cultura organizacional é uma parte importante das ciências sociais, muito arraigada aos seus aspectos tradicionais, porém ela vem demonstrando um ótimo desenvolvimento ao longo dos últimos anos. De uma maneira geral, ela é vista dentro da organização como uma série de normas e atitudes comuns aos indivíduos que trabalham nela, pois além de direcionar esses indivíduos, a cultura organizacional também serve para orientá-los sobre como devem interagir entre si, com os clientes ou usuários.

Níveis e aspectos da cultura organizacional

É certo dizermos que cada organização tem a sua própria cultura, pois cada uma possui suas próprias particularidades e diversidades. Determinados aspectos da cultura organizacional são de fácil percepção, enquanto outros são mais difíceis de se notar. Os aspectos organizacionais que possuem um caráter mais formal, são os mais fáceis de perceber.

Eles são considerados os componentes visíveis de uma cultura organizacional, dentre os quais nós temos como exemplo: as políticas, estrutura, diretrizes, os métodos e procedimentos, os objetivos e a tecnologia adotada pela organização. Por outro lado, os aspectos informais que são considerados pouco perceptíveis ou ocultos, são os mais complicados de se compreender e interpretar, dentre eles nós podemos citar os sentimentos, atitudes e valores, por exemplo. Esses aspectos em sua maioria são orientados pela emoção e situações afetivas e são os que menos sofrem mudanças e transformações ao longo do tempo.

cultura organizacional de uma organização possui três níveis / elementos distintos, eles são os de cada um dos níveis:

  • Artefatos: São considerados o primeiro nível de uma cultura organizacional, pois são os mais superficiais e perceptíveis. Podemos dizer que os artefatos são as coisas concretas que cada um consegue ver dentro de uma organização, eles são os produtos, serviços e padrões que nos indicam visual e auditivamente como é a cultura organizacional. Os símbolos, heróis, rituais, histórias e cerimônias são exemplos de artefatos.
  • Valores compartilhados: Os valores compartilhados são considerados o segundo nível da cultura organizacional. São os valores importantes para as pessoas que fazem parte da organização e que se tornam relevantes ao ponto de definir a razão pela qual os colaboradores fazem o que fazem (a atividade em si).
  • Pressupostos: São considerados o terceiro nível de uma cultura organizacional. Eles são as pressuposições, sentimentos e crenças inconscientes das quais os colaboradores da acreditam. A cultura organizacional consegue "prescrever" o modo como as atividades são realizadas, principalmente, por meio de pressuposições não escritas ou formalizadas. Os artefatos, valores compartilhados e pressupostos constituem os principais níveis (elementos) de uma cultura organizacional.

Símbolos, rituais e heróis de uma cultura organizacional

 

Os símbolos, heróis e rituais constituem as práticas (sub-elementos) da organização, ou seja, as manifestações que se apresentam como resultado de sua cultura. Existem elementos na cultura organizacional que só conseguem ser identificados a partir do convívio dos indivíduos entre si. Uma cultura forte é mais eficaz e possui um melhor desempenho do que as demais, pois ela gera um maior senso de união e colaboração entre os seus participantes, promovendo uma maior estabilidade organizacional em torno das metas da organização.

Em relação aos três sub-elementos, nós podemos dizer que os símbolos de uma cultura são as palavras, gestos e ações, onde possuem um significado especial dentro da organização. Já os heróis são os personagens que possuem um certo nível de prestígio dentro de uma cultura organizacional, servindo como modelo de comportamento para os demais membros. Vale salientar, que os heróis podem remeter à pessoas vivas ou mortas, assim como transmitir modelos positivos ou negativos das mesmas. Por fim, nós temos os rituais que são as atividades coletivas e socialmente indispensáveis. Todos os três sub-elementos rodeiam o que podemos chamar de núcleo da cultura organizacional, isto é, seus valores.

Características e importância da cultura organizacional


Como já fora explicado, a cultura organizacional se trata de um sistema de valores, crenças e diretrizes que são compartilhados pelos membros de uma organização, ela faz com que cada organização se diferencie uma das outras, tornando-se única de certa forma. De acordo com os autores da área, existem sete características determinantes numa cultura organizacional. Elas são: a inovação, atenção aos detalhes, orientação para os resultados, orientação para as pessoas, orientação para as equipes, agressividade e estabilidade.

Além de apresentar as características acima citadas, uma cultura organizacional geralmente se apresenta de duas maneiras distintas dentro de uma organização. Ela pode se demonstrar como um subsistema que está interligado à estrutura, a estratégia e ao próprio sistema em si, ou como uma superestrutura que determina todos os demais componentes. A cultura organizacional faz referência aos comportamentos implícitos que contribuem para a formação de sentido e que também são responsáveis pelas características únicas de cada organização.

Diversos são os fatores de importância de uma cultura organizacional. Ela pode auxiliar na definição de limites para os colaboradores, na coerência nos atos dos empregados, na motivação no trabalho dos mesmos, entre outros aspectos. A cultura organizacional ainda ajuda a reduzir a incerteza no ambiente de trabalho, determinando a forma de como as atividades devem ser executadas. É importante salientarmos também que a cultura organizacional se trata de uma questão dinâmica, pois encontra-se suscetível à mudanças com o passar do tempo, já que sofre influência do ambiente externo.

Exemplificando, de acordo com diversos autores a cultura de uma organização geralmente possui características estáveis, sendo determinadas historicamente (pelos fundadores) e construída socialmente (mantida pelos colaboradores). A cultura organizacional possui três dimensões interdependentes, que são as dimensões material (relação das pessoas com o ambiente), psicossocial (relação das pessoas entre si) e ideológica (relação das pessoas com os valores e normas). É válido ressaltarmos que " cultura organizacional" se trata de um conceito descritivo, ou seja, se refere apenas a forma como os colaboradores percebem as características da organização e não com fato de gostarem delas, ou não.


  • De que forma a cultura está presente nossa forma de ser?
  • Poderíamos falar em sociedade sem cultura?
  • Existe uma cultura universal ou existem culturas?
  • Existe uma cultura constituída no órgão onde trabalha? Qual serial ela?

Fonte: ENA Virtual - Curso Ética e Serviço Público.

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